sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A ARTE DA GUERRA



A Arte da Guerra é um livro muito clássico, escrito por Sun Tzu há mais de 300 anos a.C., com objetivo de deixar os ensinamentos sobre como lidar com seus adversários (no ramo empresarial seriam nossos concorrentes), técnicas e estratégias inteligentes para que tenha sucesso em guerras e batalhas.

Eu, sem sombras de dúvidas, indico esse livro para todos que desejam ter sucesso, seja qual for seu ramo. Com o passar dos anos, muitos autores foram adaptando o livro para diferentes áreas onde poderia ser aplicada. A obra oficial contém 13 capítulos. Lembre-se que o objetivo da guerra é a paz.

ENTENDENDO A ARTE DA GUERRA

1. Planejamento Inicial

O primeiro capítulo de A Arte da Guerra é dedicado à importância da estratégia. Como o clássico I Ching afirma: "O líder planeja no início, antes de começar a agir", e "o líder avalia os problemas e os previne." Em termos de operações militares, A Arte da Guerra coloca cinco aspectos que devem ser determinados antes de empreender qualquer ação: Caminho, o clima, o terreno, a liderança militar e a disciplina.

Nesse contexto, o Caminho (Tao) se refere à liderança civil, ou, antes, ao relacionamento entre a liderança política e a população. Tanto na linguagem taoísta como na confucionista, um governo justo é descrito como "imbuído pelo Tao", e Sun Tzu também fala do Caminho como aquele que "induz o povo a ter o mesmo objetivo que os líderes".

O exame do clima, o problema da estação mais propícia para a ação, também tem relação com o interesse pelo povo, significando tanto a população em geral quanto os militares. O ponto essencial, aqui, é evitar a interrupção das atividades produtivas do povo, as quais dependem das estações, e evadir extremos climáticos que poderiam criar obstáculo ou prejudicar as tropas no campo de batalha.

O terreno deve ser avaliado em termos de distância, grau de dificuldade para a locomoção, dimensões e segurança. A utilização de batedores e de guias nativos é importante nesse ponto porque, como diz o I Ching, "Ir à caça sem um guia é perder o dia". Os critérios oferecidos por A Arte da Guerra para avaliar os líderes militares são as virtudes tradicionais, as mesmas que são recomendadas pelo Confucionismo e pelo Taoísmo medieval: a inteligência, a confiabilidade, a humanidade, a coragem e a austeridade. De acordo com o grande budista Chan, Fushan: "Humanidade sem inteligência é como ter um campo, mas não ará-lo. Inteligência sem coragem é como ter uma vegetação florescente, mas não limpá-la das ervas daninhas. Coragem sem humanidade é saber colher, mas não saber semear." As outras duas virtudes, a confiabilidade e a austeridade, são as que possibilitam ao líder obter, respectivamente, a lealdade e a obediência das tropas.

O quinto elemento a ser avaliado, a disciplina, refere-se à coerência e à eficiência organizacional. A disciplina está muito ligada à confiabilidade e à austeridade, ambas desejáveis nos líderes militares, visto que ela utiliza os mecanismos correspondentes da recompensa e da punição. Muita ênfase é posta na tarefa de estabelecer um sistema claro e objetivo de prémios e castigos que seja aceite pelos guerreiros como justo e imparcial. Este foi um dos aspectos mais importantes do Legalismo, uma escola de pensamento que surgiu durante o período dos Estados Belicosos e que acentua mais o valor da organização racional c do estatuto da lei do que o de um governo feudal personalista.

Continuando a discussão dessas cinco avaliações, A Arte da Guerra passa a analisar a importância fundamental da simulação: "Uma operação militar envolve simulação. Mesmo sendo competente, mostra-te incompetente. Embora eficiente, aparenta ser ineficiente." É como o Tao-Te King recomenda: "Quem tem grande habilidade mostra-se inapto." O elemento surpresa, tão necessário para a vitória com o máximo de eficiência, depende de conhecer os outros sem ser por eles conhecido, de modo que o segredo e a informação distorcida são considerados artes essenciais.

Falando de maneira geral, a luta corpo a corpo é o último recurso do guerreiro habilidoso. Deste, Sun Tzu diz que deve estar preparado e, no entanto, tem de evitar o confronto direto com um adversário destemido. Mestre Sun recomenda que, em vez de dominar o inimigo diretamente, deve-se cansá-lo pela fuga, fomentar a intriga entre seus escalões, manipular seus sentimentos e usar sua ira e seu orgulho contra si próprio. Assim, em síntese, a proposição inicial de A Arte da Guerra introduz os três aspectos principais da arte do guerreiro: o social, o psicológico e o físico.

2. Guerreando

O segundo capítulo de A Arte da Guerra, sobre a batalha, ressalta as consequências domésticas da guerra, mesmo da guerra externa. A ênfase é posta sobre a velocidade e a eficiência, com advertências incisivas para não prolongar as operações, especialmente campo adentro. A importância de se conservar a energia e os recursos materiais recebe atenção particular. Para minimizar o desgaste que a guerra causa na economia e na população, Sun Tzu recomenda a prática de alimentar o inimigo e de usar as forças cativas por meio de um bom tratamento.

3. Estratégia ofensiva

O terceiro capítulo, planejamento do assédio, também acentua a conservação — o objetivo geral é chegar à vitória mantendo intacto o maior número possível de bens, sociais e materiais, e não destruindo todas as pessoas e coisas que estejam no caminho. Neste sentido, Mestre Sun afirma que é melhor vencer sem lutar.

Várias recomendações táticas reforçam este princípio de conservação geral. Primeiro, por ser desejável vencer sem lutar, Sun Tzu diz que é melhor vencer os adversários logo no início das operações, frustrando assim seus planos. Se isso não for possível, Sun Tzu recomenda isolar o inimigo e torná-lo indefeso. Aqui também poderia parecer que o tempo é essencial, mas, na verdade, velocidade não significa pressa, e uma preparação completa se faz necessária. Sun Tzu conclui enfatizando que, obtida a vitória, esta deve ser completa e total, para evitar os custos de manutenção de uma força de ocupação.

O capítulo prossegue delineando as estratégias para a ação de acordo com o número relativo de protagonistas e de antagonistas, novamente observando que é mais prudente evitar pôr-se em circunstâncias desfavoráveis, se possível. O I Ching diz: "É má fortuna teimar diante de circunstâncias insuperáveis." Além disso, enquanto a formulação da estratégia depende de uma inteligência prévia, é também imperativo adaptar-se às situações reais da batalha. Como afirma o I Ching: "Chegando a um impasse, muda; depois de mudar, podes prosseguir." Em seguida, Mestre Sun relaciona cinco modos de averiguar a possibilidade de vitória, de conformidade com o tema de que guerreiros hábeis lutam só quando têm certeza da vitória. De acordo com Sun, os vitoriosos são aqueles que sabem quando lutar e quando não lutar; os que sabem quando usar muitas ou poucas tropas; aqueles cujos oficiais e soldados formam uma unidade compacta; os que enfrentam os incautos com preparação; e os que são comandados por generais capazes que não são pressionados pelo governo.

Este último ponto é muito delicado, visto que põe uma responsabilidade moral e intelectual ainda maior sobre os líderes militares. Enquanto a guerra nunca deve ser deflagrada pelos militares, como mais adiante se explicará, mas pelo comando do governo civil, Sun Tzu afirma que uma liderança civil ausente que interfere de modo ignorante no comando de campo "afasta a vitória embaraçando os militares".

4. Disposições

O quarto capítulo de A Arte da Guerra trata da formação, uma das questões mais importantes da estratégia e do combate. Numa postura caracteristicamente taoísta, Sun Tzu declara que o segredo para a vitória são a adaptabilidade e a inescrutabilidade. Como o comentador Du Mu explica: "A condição interior do informe é inescrutável, enquanto que a daqueles que adotaram uma forma específica é claramente manifesta. O inescrutável vence, o manifesto perde." Neste contexto, a inescrutabilidade não é meramente passiva, não significa apenas afastar-se ou esconder-se dos outros; significa, sim, a percepção do que é invisível aos olhos dos outros e a reação a possibilidades ainda não percebidas por aqueles que só observam o manifesto. Discernindo oportunidades antes que sejam visíveis aos outros e agindo com rapidez, o misterioso guerreiro pode tomar conta da situação antes que as coisas se escoem por entre os dedos.

Seguindo esta linha de raciocínio, Sun Tzu volta a pôr ênfase na busca da vitória certa pelo conhecimento do momento de agir e de não agir. Torna-te invencível, diz ele, e enfrenta o adversário no momento em que ele é vulnerável: "Os bons guerreiros tomam posição onde não podem perder e não descuidam das condições que tornam o inimigo propenso à derrota." Revendo essas condições, Sun reelabora alguns dos pontos principais para a avaliação das organizações, tais como a disciplina e a ética versus ambição e corrupção.

5. Energia

O tema do capítulo quinto de A Arte da Guerra é a força, ou o ímpeto, a estrutura dinâmica de um grupo em ação. Aqui, Mestre Sun ressalta as habilidades organizacionais, a coordenação e o uso tanto de métodos de guerra ortodoxos como de guerrilha. Ele enfatiza a mudança e a surpresa, empregando variações intermináveis de táticas e usando as condições psicológicas do adversário para manobrá-lo a posições vulneráveis.

A essência do ensinamento de Sun Tzu sobre a força é a unidade e a coerência na organização, utilizando a força do ímpeto antes de contar com as qualidades e habilidades individuais: "Bons guerreiros buscam a eficácia da batalha na força do ímpeto, não em cada pessoa." É esse reconhecimento do poder do grupo para equilibrar disparidades internas e para funcionar como um único corpo de força que distingue A Arte da Guerra do individualismo idiossincrático dos espadachins samurais do Japão feudal posterior, cujas artes marciais estilizadas são tão conhecidas no Ocidente. Esta ênfase é uma das características essenciais que tornou a antiga obra de Sun Tzu tão útil para os guerreiros organizados em corporação da Ásia moderna, entre os quais A Arte da Guerra é amplamente lida e ainda hoje considerada o clássico inigualável de estratégia no conflito.

6. Fraquezas e forças

O capítulo sexto aborda, a questão da "vacuidade e da plenitude", já mencionadas como conceitos taoístas fundamentais geralmente adaptados às artes marciais. A ideia é encher-se de energia ao mesmo tempo que se esvazia o oponente. Como Mestre Sun diz, isto é feito para nos tornarmos invencíveis e para enfrentar os adversários somente quando estes são vulneráveis. Uma das mais simples dessas táticas é muito conhecida não apenas no contexto da guerra, mas também na manipulação social e dos negócios: "Bons guerreiros atraem o inimigo a si; não são eles que atacam o inimigo." Outra função da inescrutabilidade tão intensamente valorizada pelo guerreiro taoísta é a que recomenda conservar a própria energia ao mesmo tempo que se induz os outros a desperdiçar a sua: "O objetivo de formar um exército é chegar à não-forma", diz Mestre Sun; assim, ninguém poderá elaborar uma estratégia contra ti. Ao mesmo tempo, diz ele, induz o adversário a organizar suas próprias formações, leva-o a esparramar-se; testa o oponente para sondar seus recursos e reações, mas permanece desconhecido.

Neste caso, o informe e o fluido não são apenas meios de defesa e surpresa, mas meios de preservar o potencial dinâmico, a energia que pode ser facilmente perdida por manter-se numa posição ou formação específica. Mestre Sun compara uma força bem-sucedida à água, que não tem forma constante, mas que, como observa o Tao-Te-King, prevalece sobre tudo a despeito de sua fraqueza aparente. Sun afirma: "Uma força militar não tem formação constante, a água não tem forma constante. A habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com o inimigo é chamada de genialidade."

7. Manobras

O sétimo capítulo de A Arte da Guerra, sobre a luta armada, trata da organização efetiva no campo e das manobras de combate, e também reintroduz vários dos principais temas de Sun Tzu. Começando com a necessidade de informações e preparação, Sun afirma: "Entra em ação somente depois de fazer a devida avaliação. Aquele que por primeiro avaliar a distância do perto e do longe vencerá — está é a lei da luta armada." O I Ching diz: "Prepara-te, e terás boa fortuna." Novamente expondo sua filosofia tática minimalista/essencialista, característica que lhe é muito própria. Sun Tzu continua: "Suga a energia do exército adversário, arranca o coração dos seus generais." Retomando seus ensinamentos sobre a vacuidade e a plenitude, também afirma: "Evita a energia intensa, ataca a moderada e a fugidia." Para aproveitar ao máximo os benefícios dos princípios da vacuidade e da plenitude, Sun ensina quatro tipos de habilidades essenciais ao guerreiro insondável: domínio da energia, domínio do coração, domínio da força e domínio da adaptação.

Os princípios da vacuidade e da plenitude também põem à mostra o mecanismo fundamental dos clássicos princípios yin-yang, sobre os quais os primeiros se baseiam, o mecanismo da reversão de um para o outro nos extremos. Mestre Sun diz: "Não interrompas a marcha de um exército em seu retorno para casa. Um exército cercado deve ter uma saída. Não pressiones um inimigo desesperado." O / Ching diz: "O soberano usa três caçadores, deixando a caça à frente escapar", e "se fores muito inflexível, a ação será mal sucedida, mesmo que estejas certo."

8. As nove variáveis

O capítulo oitavo é dedicado à adaptação, já vista como uma das pedras angulares da arte bélica. Mestre Sun assevera: "Se os generais não souberem adaptar-se de modo vantajoso, mesmo que conheçam a disposição do terreno, não conseguirão tirar proveito dela." O I Ching diz: "Persiste intensamente no que está além de tua profundidade, e tua fidelidade a essa direção trará a desgraça, não o proveito." A adaptabilidade depende naturalmente da prontidão, outro tema que se repete de A Arte da Guerra. Mestre Sun afirma: "O preceito das operações militares é não supor que o inimigo não avance, mas dispor de meios para lidar com ele; não confiar que o adversário não ataque, mas esperar em ter o que não pode ser atacado." O I Ching diz: "Se te sobrecarregares sem ter uma base sólida, serás por fim exaurido, o que te trará dificuldades e má fortuna." Em A Arte da Guerra, a prontidão não significa apenas preparação material; sem um estado mental apropriado, a mera força física não é suficiente para garantir a vitória. Mestre Sun define indiretamente as condições psicológicas do líder vitorioso, enumerando cinco perigos — ter muita disposição para morrer, ter muita ansiedade de viver, encolerizar-se com muita rapidez, ser puritano ou sentimental demais. Mestre Sun afirma que qualquer um desses excessos cria pontos vulneráveis que podem ser facilmente explorados por adversários astutos. O I Ching diz: "Ao aguardar à beira de uma situação, antes que o tempo adequado para entrar em ação chegue, mantém-te alerta e evita ceder ao impulso — assim fazendo, não errarás."

9. Movimentações

O capítulo nono trata de exércitos em manobras estratégicas. Mais uma vez Mestre Sun fala sobre os três aspectos da arte do guerreiro — o físico, o social e o psicológico. Em termos físicos concretos, ele recomenda certos tipos óbvios de terreno que favorecem as probabilidades de vitória: elevações, rio acima, o lado ensolarado dos morros, regiões abundantes de recursos. Com base nas três dimensões, descreve ainda os modos de interpretar os movimentos do inimigo.

Embora Mestre Sun nunca deixe de levar em conta o peso dos números ou do poder material, aqui como em outras partes há uma forte sugestão de que fatores sociais e psicológicos têm condições de superar o tipo de poder que pode ser quantificado fisicamente: "Nas questões militares, não é necessariamente benéfico ter mais: benéfico é evitar agir agressivamente; é suficiente consolidar o teu poder, avaliar os adversários e conquistar o povo; isto é tudo." O I Ching afirma: "Quando tens os meios, mas não estás chegando a lugar nenhum, procura parceiros apropriados, e terás boa fortuna." Do mesmo modo, enfatizando o esforço do grupo dirigido, A Arte da Guerra diz: "O individualista sem estratégia que considera os adversários com leviandade irá inevitavelmente tornar-se um cativo." A solidariedade requer especialmente compreensão mútua e relação estreita entre os líderes e os liderados, adquirida tanto através da educação como do treinamento. O sábio confuciano Meneio disse: "Os que enviam pessoas a operações militares sem educá-las as destroem." Mestre Sun diz: "Dirige-os pelas artes da cultura, unifica-os pelas artes marciais; isto é vitória certa." O IChing diz: "É boa fortuna quando os dirigentes dão suporte aos seus dirigidos, ficando atentos a eles e deles extraindo suas potencialidades."

10. Terreno

O capítulo décimo, que analisa a questão do terreno, dá continuidade às ideias de manobras técnicas e à adaptabilidade, delineando tipos de terreno e maneiras adequadas de se acomodar a eles. Requer-se reflexão para transferir os padrões desses tipos de terreno a outros contextos, mas o ponto fundamental está em considerar a relação do protagonista com as configurações do ambiente material, social e psicológico.

Mestre Sun adota esse ponto de vista com observações sobre as deficiências organizacionais fatais pelas quais o líder é responsável. Aqui, novamente, a ênfase está posta no moral da unidade: "Considera teus soldados como filhos bem-amados, e eles de boa vontade morrerão contigo." O I Ching diz: "Os que estão acima asseguram seus lares pela bondade para com os que estão abaixo." Apesar disso, ampliando a metáfora, Mestre Sun também adverte contra ser abertamente indulgente, o que traria como consequência tropas semelhantes a crianças mimadas. Este capítulo ressalta também a inteligência, no sentido de conhecimento preparatório. Sua definição inclui de modo particular a percepção clara das capacidades das próprias forças, da vulnerabilidade do adversário e da disposição do terreno: "Quando conheces a ti mesmo e aos outros, a vitória não está ameaçada; quando conheces o céu e a terra, a vitória é inesgotável." O I Ching diz: "Sê cuidadoso no começo, e não terás dificuldades no fim."

11. As nove variáveis de terreno

O décimo primeiro capítulo, intitulado "Nove Regiões", apresenta um tratamento mais detalhado do relevo, especialmente em termos do relacionamento de um grupo com o terreno. Pode-se compreender que essas "nove regiões" se aplicam não só ao mero território físico, mas também ao "território" em seus sentidos social e mais abstraio.

As nove regiões relacionadas por Mestre Sun são assim denominadas: região de dissolução, região leve, região de contenda, região de tráfego, região de intersecção, região pesada, região ruim, região sitiada e região de morte (ou mortal).

Uma região de dissolução é um estágio de guerra destrutiva para ambos os lados ou guerra civil. A região leve se refere a incursões marginais ao território inimigo. Uma região de contenda é a que pode ser vantajosa para ambos os lados de um conflito. Uma região de tráfego é aquela em que se verifica passagem livre. Região de intersecção é um território que controla artérias de comunicação importantes. Região pesada, em comparação com a leve, refere-se a incursões profundas no território adversário. Região ruim é terreno difícil ou imprestável. Região sitiada é a que tem acesso restrito, própria para emboscada. Região de morte é uma situação em que é necessário lutar imediatamente ou ser destruído.

Ao descrever a tática apropriada a cada tipo de região, Mestre Sun inclui uma reflexão sobre os elementos social e psicológico do conflito, na medida em que esses estão inextricavelmente ligados à reação ao ambiente: "Devem-se examinar os seguintes aspectos: adaptação às diferentes regiões, vantagens da contração e da expansão, padrões de sentimentos humanos e condições."

12. Ataques com o emprego de fogo

O décimo segundo capítulo de A Arte da Guerra, sobre o ataque com fogo, inicia com uma breve descrição dos vários tipos de ataque incendiário e inclui observações técnicas e estratégias para o acompanhamento.

Talvez porque, num sentido material comum, o fogo seja a forma mais perversa de arte marcial (os explosivos existiam no tempo de Sun Tzu, mas não eram usados militarmente), é neste capítulo que encontramos o mais ardente apelo pela humanidade, fazendo eco à ideia taoísta de que as "armas são instrumentos de desgraça que devem ser usadas somente quando for inevitável". Concluindo abruptamente sua breve reflexão sobre o ataque com fogo, Mestre Sun diz: "Um governo não deve mobilizar um exército motivado pela raiva, os líderes militares não devem provocar a guerra movidos pela cólera. Antes, deves agir se for benéfico; caso contrário, deves desistir. A raiva pode-se transformar em alegria, a cólera pode-se tornar prazer, mas uma nação destruída não pode ser restaurada para a existência, e os mortos não podem ser devolvidos à vida."

13. Utilização de agentes secretos

O décimo terceiro e último capítulo trata da espionagem, fechando assim o círculo com o capítulo inicial sobre a estratégia, para a qual a inteligência é essencial. Novamente guiando-se pelo minimalismo orientado para a eficiência e pelo conservadorismo, para os quais se voltam as habilidades que ensina, Mestre Sun começa falando da importância dos agentes de inteligência nos termos mais enfáticos: "Uma operação militar de importância é um escoadouro grave da nação, e pode ser mantida por anos de luta pela vitória de um dia. Por isso, desconhecer as condições do inimigo por não querer recompensar a inteligência é algo extremamente desumano."

A seguir, Sun define cinco tipos de espiões, ou agentes secretos. O espião local é contratado dentre a população de uma região em que as operações são planejadas. Um espião infiltrado é contratado entre os oficiais de um regime contrário. Um espião reverso é um agente duplo, contratado dentre espiões inimigos. Um espião morto é o que recebe a missão de levar informações falsas. Um espião vivo é o que vem e vai com informações.

Neste ponto, também existe um forte elemento social e psicológico na compreensão que Sun Tzu tem da complexidade prática da espionagem do ponto de vista da liderança. A Arte da Guerra inicia com a questão da liderança, e também termina com a observação de que o uso eficaz de espiões depende do líder. Mestre Sun diz: "Não se pode utilizar espiões sem sagacidade e conhecimento, não se pode usar espiões sem humanidade e justiça, não se pode sem sutileza conseguir a verdade de espiões", e conclui: "Só um governante hábil ou um general brilhante que pode utilizar os mais inteligentes para a espionagem tem garantia de sucesso."

[editar] Análise de A Arte da GuerraO verso inicial do clássico de Sun Tzu constitui uma chave para toda a sua filosofia. "A guerra é uma questão vital para o Estado. Torna-se de suma importância estudá-la com muito cuidado em todos os seus detalhes." Aqui, ele reconhece, sendo o primeiro a fazê-lo, que a luta armada não é uma aberração transitória, mas sim um ato consciente e periódico, suscetível de análise racional.

Sun Tzu acreditava que a força moral e as faculdades intelectuais do homem eram decisivas na guerra e ainda que, se estas fossem corretamente aplicadas, a guerra seria levada a cabo com sucesso, nunca devendo ser efetuada impensada ou desabridamente, mas sempre precedida de medidas que a tornassem fácil de vencer.

Ó grande vencedor frustrava os planos do seu inimigo e rompia as suas alianças. Abria clivagens entre o soberano e os seus ministros, entre comandantes e comandados, entre superiores e inferiores. Os seus espiões e agentes estariam ativos em todo o lado, recolhendo informes, semeando a discórdia e alimentando a subversão. O inimigo devia ser isolado e desmoralizado, a sua força de resistência quebrada. Só assim, e sem qualquer batalha, os seus exércitos seriam vencidos, as suas cidades tomadas e o seu Estado derrubado. Apenas e somente quando o adversário não pudesse ser dominado por aqueles meios se recorreria à força armada, a ser utilizada com a vitória como objetivo único:

a) No menor espaço de tempo possível;

b) Com o mínimo de perda decidas e esforços possíveis;

c) Com o mínimo possível de baixas causadas ao inimigo.

A unidade nacional era para Sun Tzu uma condição essencial para a guerra. Isso só podia ser conseguido graças a um governo devotado ao bem-estar do povo, e não à sua opressão. Sun Hsing-yen estava correto quando observava que as teorias de Sun Tzu se apoiavam na "benevolência e retidão".

Ligando a guerra ao seu mais próximo contexto político, às alianças ou a sua inexistência, à unidade e estabilidade internas e ao moral dos exércitos próprios, em contraste com a desunião dos adversários, Sun Tzu procurava estabelecer uma base realística para o cálculo racional das forças em confronto. A sua percepção quanto à intervenção na guerra de componentes mentais, morais, físicos e circunstanciais revela enorme acuidade. Muito embora Sun Tzu não tivesse sido a primeira pessoa a compreender que a força armada é o último dos árbitros nos conflitos entre Estados, foi de fato o primeiro a dar uma perspectiva real ao entrechoque físico.

Sun Tzu sabia das implicações econômicas da guerra. As suas referências a preços inflacionados, valores desperdiçados, limitações de abastecimentos e as inevitáveis sobrecargas impostas ao povo demonstram o seu conhecimento quanto à importância desses fatores, que até bem recentemente foram negligenciados.

Sun Tzu distinguia perfeitamente entre o que hoje definiríamos como "estratégia nacional" e "estratégia militar". Tal é evidenciado na sua dissertação sobre o cálculo das forças a enfrentar-se, no capítulo 1, onde menciona cinco "assuntos" a ser ponderados nos conselhos: os humanos (o moral e o comando), os físicos (o terreno e o clima) e os doutrinários. Só com a certeza de superioridade nesses pontos encarregava-se o conselho da aferição de efetivos (que Sun Tzu não considerava como decisiva), qualidade das tropas, disciplina, equidade na administração, recompensas e castigos, e preparação.

Por fim, o vetusto escritor afirma não lhe parecer dever ser o objetivo de ações militares o aniquilamento do exército inimigo, a destruição das suas cidades e o devastamento do seu território. "As armas são sempre motivo de maus pressentimentos, a utilizar somente quando outra alternativa não houver.'"

Tzu-lu, um discípulo de Confúcio ocasião discutiua guerra com o Mestre.

"Supondo que o comando das Três Hostes vos fosse entregue, quem levaríeis convosco para vos auxiliar?", perguntou Tzu-lu.

O Mestre respondeu-lhe: "O homem pronto a enfrentar um tigre ou um rio em fúria, sem se importar se iria morrer ou viver, seria o que eu não levaria. Levaria, sim, alguém que olhasse os problemas com a cautela devida e que preferisse o sucesso por meio de estratégia".

Todo o guerreiro se baseia no ludíbrio. Um general competente deve também ser um mestre nas artes complementares da, simulação e da dissimulação. Enquanto vai criando imagens para confundir e iludir o adversário, esconde as suas verdadeiras intenções e a sua real disposição. Quando capaz, simula incapacidade; quando próximo, finge estar longe; quando afastado, que está próximo. Movendo-se de um modo tão intangível como um fantasma à luz das estrelas, será invisível, inaudível. O seu objetivo primeiro será sempre a mente do comandante seu adversário, a situação vitoriosa, um resultado da sua imaginação criadora. Sun Tzu compreendeu que um preâmbulo indispensável em qualquer batalha era o ataque à mente do inimigo.

O perito achega-se ao seu objetivo indiretamente. Escolhendo uma rota imprópria e distante, poderá avançar 500 km sem oposição e colher o inimigo de surpresa. Tal tipo de comandante preza acima de tudo a liberdade de ação. Odeia situações estáticas, e por isso só assedia cidades quando outra hipótese não há. Os cercos, dispendiosos em vidas e tempo, levam à abdicação do espírito de iniciativa.

O general sábio nunca é manipulado. Pode acontecer-lhe ter de recuar, mas, quando o faz, fá-lo com tanta rapidez que não é possível apanhá-lo. As suas retiradas destinar-se-ão a atrair o opositor, a desequilibrá-lo, a criar situações apropriadas a contra-ataques, tornando-as pois, e paradoxalmente, ofensivas. Faz a guerra de movimento. Avança com rapidez alada, fere como os raios das "nove camadas celestes” Impõe situações que conduzam a decisões rápidas. Para ele, o fim da guerra é a vitória, e não unia série de operações a conduzir brilhantemente. É do seu conhecimento que as campanhas prolongadas esgotam o Tesouro, arrasam os soldados, fazem subir os preços e espalham a fome pelo povo. "Nenhuma nação jamais se beneficiou com uma guerra demorada."

O comandante competente só desfere o seu golpe quando seguro da vitória. A criação de situações permitindo-o é o último e real propósito dos generais. Antes de travar a batalha, o grande general obriga o inimigo a dispersar-se. Uma vez disperso e tentando defender-se em todos os lados, em todos os pontos fraqueja, sendo num desses pontos devidamente decidido que muitos baterão poucos.

A vulnerabilidade, contudo, não se mede apenas fisicamente. Um comandante adversário pode ser vacilante, impetuoso, impulsivo, arrogante, teimoso ou facilmente ludibriável. Possivelmente, terá divisões mal treinadas, desinteressadas, acovardadas ou mal comandadas. Poderá ter escolhido posições inconvenientes ou dilatado demasiadamente as suas linhas, dispor de mantimentos insuficientes ou encontrarem-se exaustos os seus soldados. Todas essas condições representam pontos fracos, dando assim oportunidade a um general com imaginação para conceber um plano de ação vantajoso.

São exatamente esses mesmos fatores que delineiam o "molde" dos exércitos adversos, sendo de acordo com esse mesmo molde do seu oponente que o comandante prudente estabelece os seus planos. "Amoldem-no", recomenda Sun Tzu. Sempre preocupado com a observação e sondagem do inimigo, o general inteligente vai ao mesmo tempo tudo fazendo para não ser ele próprio "amoldado".

As ações dos instrumentos táticos do general, a força cheng, normal e direta, e a desusada e indireta força ch'i, são recíprocas. Os efeitos de arribas são fecundos. Podemos definir o elemento cheng como de fixação e o ch'i como de flanqueamento ou de envolvimento, ou ainda como a(s) força(s) de distração e de decisão. Há correlação nos golpes por elas produzidos. O cheng e o ch'i são como dois aros interligados. "Quem sabe onde começa um e acaba o outro?" A suas comutações possíveis são infinitas. Um esforço cheng pode passar a ch'i, e um ch'i, a cheng. Desse modo, pode-se redefinir um ataque ch'i como aquele que se executa quando uma decisão é rapidamente materializável, numa área das defesas inimigas caracterizada por vazios e fissuras.

Uma operação ch'i é sempre inesperada, fora do comum, e não ortodoxa; uma cheng será mais patente, mais óbvia. Quando Sun Tzu recomendava para se iniciar com o cheng, mas vencer com o ch'i, insinuava serem necessárias as movimentações ludibriosas como garantia de os golpes decisivos virem a ser dados onde o inimigo menos preparado estiver e onde menos o esperar. É fato, porém, que procurar limitar as conotações entre os dois termos, identificando-os somente com forças em luta, se tomará desencaminhador, já que as operações ch'i e cheng também podem ser levadas a efeito no campo da estratégia.

Para Sun Tzu, a função de um general consiste, parcialmente, em criar alterações e manipulá-las, depois, em proveito próprio. O verdadeiro general pondera a situação antes de se movimentar. Não cai, sem objetivos, em engodos armadilhados. É prudente, mas não hesitante. Compreende haver "alguns caminhos que não devem ser seguidos, alguns exércitos a não serem atacados, algumas cidades a não serem cercadas, algumas posições a não serem disputadas e algumas ordens do soberano a não serem acatadas". Assume riscos ponderados, mas nunca os toma por tomar. Não "enfrenta um tigre nem um rio em fúria sem se importar se vai viver ou morrer", mas, quando a oportunidade lhe surge, age rápida e decisivamente.

A teoria de Sun Tzu, da adaptabilidade às situações, constitui uma importante faceta do seu pensar. Tal como a água se adapta à conformação do terreno, também em guerra terá de ser adaptável, empregando-se com frequência táticas de conformidade com as posições dos adversários. Isso não é, de modo algum, um conceito passivo, dado que, se se der trela suficiente ao inimigo, ele próprio, muitas vezes, se esganará nela. Em determinados casos, deixar-se-ão perder cidades, sacrificar-se-ão porções das próprias forças ou ceder-se-á terreno com o intuito de se ganhar qualquer outro objetivo mais valioso. Este tipo de cedências, disfarçando propósitos maiores, não é mais do que ainda outra das características da flexibilidade mental típica do guerreiro especialista.

Sun Tzu mostra-se conhecedor das contingências e vantagens do clima, preocupando-se de igual modo com o terreno. O general conhecedor do terreno leva o inimigo para o campo perigoso que ele próprio evitará. Escolhe o lugar onde vai pelejar, atrai o inimigo para lá e lá o combate. Para Sun Tzu, um general incapaz de se servir do terreno era ineficaz como comandante.

Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Arte_da_Guerra
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