quarta-feira, 8 de agosto de 2012

UM GESTOR TEMPERAMENTAL


Por Sonia Jordão*

Imagine que uma empresa contrate um novo gestor na área comercial com a expectativa de que as vendas aumentem. No início do trabalho, até parece que isso vai acontecer, mas, com o passar do tempo, os resultados alcançados ficam cada dia mais distantes das metas. Mesmo o gestor sendo um profissional com um excelente currículo, comprometido, trabalhador e responsável, infelizmente, tudo isso não é suficiente: é preciso atingir as metas.

Mas por que será que o gestor, ainda que bem qualificado, não conseguiu atingir as metas? Ele não sabe. E quando é demitido tem uma sensação terrível, mas mesmo assim tenta não se sentir um fracassado. Acredita que bons profissionais não ficam desempregados e é consciente de seu valor e de seu potencial. Por isso, prepara-se para procurar um novo emprego. Atualiza seu currículo, envia para diversas empresas e o cadastra em alguns sites.

Quando é chamado para alguma entrevista busca conhecer a empresa para se sentir mais preparado. Pensa que não ter conseguido bons resultados não é motivo para desanimar. Porém, está consciente que se não der certo dessa vez, sua carreira correrá sérios riscos.

Consegue uma vaga na área comercial e, após alguns meses, aumenta as vendas significativamente. Procura defender os interesses da Empresa onde trabalha, para que tenha lucratividade, mas também consegue defender os interesses dos clientes junto a Empresa. É muito bom negociador e tem a empatia como ponto forte de suas características.

Depois de um tempo na empresa, recebe uma reclamação de seu principal cliente. Verifica o que aconteceu e descobre que a reclamação procede: o setor de produção cometeu um erro. Resolve ir até a produção para informar o que havia ocorrido e preparar o pessoal para que corrijam o problema. Chama algumas pessoas da equipe de produção para discutirem a melhor solução e, à medida que explica o que aconteceu, aumenta seu nervosismo. Não consegue entender como cometeram aquele erro, e justamente com seu principal cliente. Sem conseguir dominar seus sentimentos, quando menos se espera grita com o funcionário que ele acredita ter cometido o erro. Depois de dizer tudo que acha ser importante, acalma-se um pouco e volta para suas atividades.

Quando explode, o gestor temperamental acredita que está com a razão e não percebe que sua forma de falar magoa as pessoas. Em alguns casos, ele briga com pessoas que são peça-chave na Empresa, funcionários daqueles que são difíceis encontrar outro com tamanha competência. Um daqueles que é preciso fazer de tudo para não perdê-lo.

O pior da atitude do gestor é que, quando o funcionário comete algum erro, ele chama a atenção do profissional na frente de seus colegas e de uma forma que nem lhe permite se justificar. Aí, por medo de errar e ser chamado a atenção novamente, o profissional deixa também de tomar novas atitudes, tentar inovar. Isso porque sabe que se cometer qualquer erro, acabará vendo uma explosão do gestor e se recebe uma repreensão sente-se arrasado.
A alta direção toma conhecimento do acontecido e como acreditam que é possível conseguir resultados positivos sem impor nada, mostra ao gestor que ele não está agindo de acordo com os valores da organização. Avisam que mesmo vendendo muito, isso não é suficiente para o gestor permanecer na empresa. Resolvem, então, lhe dar uma última oportunidade.

O gestor pensa: o que fazer? Sem resultados é demitido. Com resultados também corre o risco de ser demitido mais uma vez...
Ao analisar bem o problema descobre que atualmente a liderança na base do “comando e controle” não obtém o mesmo resultado de há alguns anos atrás.

Seus pensamentos se articulam e se refletem nas seguintes questões:

1. Quando o líder comete um erro deve ou não pedir perdão? O reconhecimento do erro ajuda na recuperação da dignidade e na mudança de atitude?

2. Quem pretende ser um vencedor na vida, como deve encarar seus erros?
3. Os erros dos subordinados justificam o erro do líder?

4. Como evitar a reação por impulso e refletir sobre a solução mais adequada, com a cabeça fria?
5. Como motivar os subordinados? Como prestigiá-los e desafiá-los?

6. Como corrigir os erros dos subordinados?

Texto baseado no conteúdo do romance corporativo “E agora, Venceslau? - Como deixar de ser um líder explosivo” de autoria de Sonia Jordão.

Fonte: *Sonia Jordão é especialista em liderança, palestrante, consultora empresarial e escritora. Autora de diversos livros sobre liderança.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

ARISTEU E O DOMÍNIO DA PAIXÃO



Aristeu era adorado na Grécia antiga como o protetor dos caçadores, pastores e dos rebanhos. Considerado como o pioneiro da apicultura e da plantação de oliveiras, ele era filho de Apolo e da ninfa Cirene. De seu pai ele havia herdado os dons da cura e da profecia, mas mesmo sendo filho de um deus e considerado benévolo, ele não conseguiu a imortalidade estando exposto às vulnerabilidades humanas.

Na véspera do casamento de Eurídice e Orfeu, Aristeu tentou seduzir Eurídice. Quando ela tentou escapar foi picada por uma serpente venenosa. Ouvindo o triste canto de Orfeu pela morte de Eurídice, as ninfas resolveram vingar-se de Aristeu matando todas as suas abelhas. Inconsolado pela perda de sua colméia, Aristeu pediu à sua mãe que o ajudasse a recuperar suas abelhas.

Cirene falou-lhe de Proteus, o velho e sábio profeta que talvez pudesse ajudá-lo. Porém Proteus se recusava a fazer profecias e fugia metamorfoseando-se em animais, árvores, água e fogo. Mas havia um jeito de dominá-lo: bastava esperar que ele dormisse e o mantivesse preso entre braços, mesmo quando ele se transformava em terríveis feras e monstros.

Antes de levar seu filho diante de Proteus, Cirene perfumou seu filho com néctar, a bebida dos deuses. Logo Aristeu foi tomado de grande coragem. Proteus saiu da água junto com seu rebanho de focas e adormeceu na entrada da gruta. Nesse momento, Aristeu lançou-se sobre ele acorrentando-o com todas as suas forças. O profeta se transformou em leão, dragão, tigre, javali e outros monstros, mas Aristeu o manteve preso apesar dos seus artifícios.

Percebendo que era inútil, Proteus rendeu-se aos apelos de Aristeu e disse-lhe: " Por seus atos interrompeste a felicidade de Orfeu e Eurídice. Deves apaziguar a ira das ninfas e render homenagens fúnebres à Eurídice. Para tanto deverás escolher e sacrificar quatro touros de belo porte e quatro de suas melhores novilhas. Deves deixar as carcaças no bosque e cobri-las com folhas. Volte lá apenas depois de nove dias..."

Aristeu não entendeu o que isso poderia ajudá-lo, mas atendeu às recomendações de Proteus. Voltando ao local depois de nove dias maravilhou-se com o que viu: um enxame de abelhas havia tomado posse das carcaças e trabalhava numa colméia.

Aristeu casou-se com Autônoe, que era filha de Cadmo - Rei de Tebas. Eles tiveram o filho Acteon que, ao tornar-se adulto teve um trágico destino. Exímio caçador, Acteon fora criado pelo Centauro Quíron. Um dia, estava caçando na floresta quando deparou com Artemis e as suas ninfas banhando em um lago. Famosa por sua castidade, Artemis ficou indignada quando viu Acteon observando-as. Molhando as mãos, aspergiu água no caçador que se transformou em um veado. Em sua nova forma, Acteon foi perseguido e devorado pelos própios cães.

Abatido pela morte de seu único filho, Aristeu consultou o oráculo de Apolo que o orientou a seguir para a Ilha de Ceos. Lá, ele conseguiu interromper uma praga que se abatia sobre a Grécia, oferecendo sacrifícios no momento do nascimento da estrela Sirius. Viajando pela Itália, encontrou Dionísio e foi iniciado em seus ritos secretos. Vivendo perto do Monte Haemus, nunca mais foi visto pelos mortais...

O mito de Aristeu está relacionado à coragem de recomeçar mesmo diante de profundas perdas. Recomeçar às vezes inspira medo, mas também traz a esperança de tentar de novo, reconquistar e principalmente resgatar a autoestima, investindo e reacreditando em si mesmo. Assim como Aristeu, somos vulneráveis e estaremos expostos aos erros, perigos e decepções, mas quando recomeçamos já teremos aprendido como evitá-los.

O medo de recomeçar pode esconder boas oportunidades, mas se estivermos dispostos a enfrentar com coragem os obstáculos, que certamente surgirão, poderemos reescrever a nossa história da qual somos os próprios autores. Recomeçar pode significar aventurar-nos em novos caminhos dos quais não temos referências, mas se nos abrirmos à oportunidade de conhecer novas pessoas e lugares, poderemos nos surpreender com nossa capacidade de superação. Recomeçar também significa buscar apoio e fazer alguns sacrifícios, abrindo mão do conforto da acomodação, além da necessidade de aguardar o tempo certo para obter resultados. Aristeu aguardou 9 dias; talvez seja necessário aguardar um pouco mais.

Desde Aristóteles as abelhas são consideradas criaturas puras e castas devido à alimentação vegetariana e conhecidas por sua abstinência sexual, exceto a rainha das abelhas que é fecundada uma única vez por toda sua vida. A prosperidade de Aristeu foi abatida pela imprudência ao seguir suas paixões e instintos sem calcular as consequências. Ele perdeu suas abelhas porque distanciou-se das virtudes que sua ocupação exigia: prudência e pureza nas atitudes. Da mesma forma, podemos perder boas oportunidades quando nos distanciamos da ética e da moralidade.

Como Aristeu, seu filho Acteon também foi vencido e destruído pela paixão desmedida. Segundo especialistas, o organismo dos apaixonados produzem grandes doses de anfetaminas naturais como dopamina, norepinefrina e feniletilamina. São elas as responsáveis pela euforia típica que tira os nossos pés do chão, nos distancia da realidade e influencia em nossa capacidade de raciocinar. É próprio do ser humano apaixonar-se, o perigo da paixão é deixar-se dominar por ela...

FONTE: Blog Mitologia Grega - http://eventosmitologiagrega.blogspot.com.br/
Por: Lucia de Belo Horizonte- MG

QUAL É O SIGNIFICADO QUE VOCÊ DÁ PARA SUA VIDA?