segunda-feira, 29 de julho de 2013

Amor em minúscula, por Francesc Miralles


"...Imagine que vou fazer uma longa viagem, sem saber quando volto, e você vai até a estação de trem para se despedir de mim.

Se depois nos comunicamos por carta ou telefone e nos lembramos da despedida, não estaremos falando da mesma coisa, mesmo que imageinemos que sim. a minha lembrança e a sua serão diferentes, isso quando não forem exatamente opostas.

vpcê se lembra de um homem que se afasta em um trem e que acena da janela. Mas eu me lembro de um homem imóvel em uma plataforma e de que ele ficava cada vez menor. É a única coisa que podemos compartilhar: a sensação do outro ficando menor. Trata-se de algo que encontra eco em nossas emoções.

Quando nos distanciamos fisicamente de alguém, sua presença no inconsciente se reduz progressivamente. Talvez, nesse sentido, o que acontece no nível óptico seja mera preparação para o que acontecerá na mente.

A experiência nunca pode ser compartilhada. Ela é servida em frascos individuais.


Trecho do Livro: Nietzsche para Estressados, de Allan Percy

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