Vivemos em tempos solitários e muitas vezes não conseguimos dividir nossas angústias e problemas com outra pessoa. Cada um traz consigo um mundo particular. Aquele que as redes sociais não vê. Baseado nisso, aceitei as sugestões de amigos para compartilhar experiências vividas nesses 25 anos no caminho de tantas pessoas. Espero que gostem. Espero que em algum momento possa ajudar alguém. Mergulhem.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
O Lado Negro do Recrutamento e Seleção de Pessoal- PARTE 1
Artigo revisto por Eduardo Alencar
A graduação de psicologia forma profissionais aptos para os mais diferentes campos de atuação, entre eles, está presente o campo das organizações, ao qual, 70% das vagas absorvem psicólogos para o subsistema de Recrutamento e Seleção de Pessoal.
O psicólogo aprende a compreender o ser humano em sua totalidade, respeitando aspectos da subjetividade, ganha um leque de ferramentas de testagem, estuda recorte de abordagens e chega através de afinidade e interesse a escolha de um referencial teórico, ao qual vai se especializando filosoficamente, metodologicamente e conceitualmente. Na graduação, próximo dos laboratórios, livros e professores, o aluno se sente seguro e apto para diversas atuações.
Mas somente quando ele sai para fora dos muros da Universidade e das asas dos seus mestres é que ele entra verdadeiramente em contato com as dificuldades da vida real. As Universidades ainda não descobriram como lhe dar com o “GAP” (Abismo) que há entre a teoria e a prática. Sabemos o quanto esforçados são nossos mestres ao nunca jamais nos darem uma resposta dita e pronta, mas estimular nosso raciocino e nos ajudar à chegar a solução de problemas e compreensão de fenômenos.
Coitado é do aluno que não desenvolveu ou experienciou tais contingências junto aos seus educadores, pois é exatamente na prática que ele vai desejar voltar no tempo. O recrutamento e seleção de pessoal com todo seu teor de avaliação psicológica é a isca perfeita para maioria dos estudante, inclusive, destes que não desenvolveram um repertório analítico, mas sim, decoraram técnicas e testes psicológicos. Nesta coluna, gostaria de ilustrar o lado obscuro do subsistema de Recrutamento e Seleção de Pessoal, pois a entrada de um aluno com altas expectativas em relação ao uso da psicologia pode ser o fator crucial para uma frustração.
A Teoria
As teorias de psicologia organizacional, técnicas de exame e aconselhamento psicológicos, estágios supervisionados em organizações, dinâmicas de grupos e gestão de pessoas nos diz em termos de Recrutamento e seleção, que devemos respeitar a subjetividade, empregar a ética nas metodologias e ferramentas de testagem, fornecer feedback à sujeitos submetidos à análise, que devemos mensurar testes que nos forneçam subsídios adequados à confecção de laudos e pareceres, que planejemos os ambientes de avaliação, que sejamos críticos, e assim por diante.
O Cenário
O Brasil é um país subdesenvolvido cuja população é em grande maioria economicamente classificada como média e pobre, sua etnia abrange negros, japoneses, índios, brancos, entre outras particularidades, há uma heterogeneidade considerável entre gêneros, religiões, opiniões políticas, formação acadêmica, e afins. Culturalmente, somos classificados como o povo que tem preguiça de ler, que tem motivos de sobra para festas e de menos para trabalho pesado. Nossa educação é uma das mais falhas do mundo, onde pessoas são condicionadas à passarem de ano em contigüidade, ou seja, independente do seu desempenho acadêmico, o aluno é aprovado para uma série mais avançada, enfim, trata-se de uma país onde a mão-de-obra entendida como desqualificada ingressa em um círculo vicioso: Não consegue se qualificar porque não tem dinheiro e não tem dinheiro porque não consegue se qualificar.
É um país onde o capitalismo dita as regras da qualidade de vida, onde a má alimentação causa obesidade, onde o poder aquisitivo compra até mesmo as instituições de ensino pública e contribui para que a classe pobre não avance jamais o chão de fábrica, trabalhos informais e trabalhos rurais, onde a beleza virou um produto e por sinal, um dos mais caros à ser adquirido e mantido. Empresas para sobreviverem neste cenário contratam psicólogos para seleção dos melhores funcionários, para os cargos adequados com o objetivo de alavancar a produtividade. É aqui que os perfis profissiográficos são minuciosamente elaborados para que o então, “Selecionador de Pessoal” vá à campo atrás das pessoas e suas competências comportamentais.
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