quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Lado Negro do Recrutamento e Seleção de Pessoal- PARTE FINAL



Artigo revisto por Eduardo Alencar

A Prática

Sem sobra de dúvidas que há empresas que acreditam e levam a sério o trabalho do psicólogo em recrutamento e seleção de Pessoal, por isso eu ainda estou neste campo e tenho orgulho de divulgá-lo. Mas a coluna deste mês se refere aquela parcela de empresas que nos admitem para uma atividade mecânica ironicamente traduzida de “Cara - Crachá”. São as empresas que lançam o estudante de psicologia em “estágios” de seleção de pessoal, mas na verdade ele atua como um aplicador de testes, muitas vezes sem saber por que está utilizando aquela ferramenta, ou ainda, quando ele tem discernimento para usá-la, não tem autonomia para escolha de pessoas que realmente tenham tido destaque em termos de competências, pois o que dita às regras de admissão são os “rostos bonitos”. Há empresas que preterem candidatos pela sua aparência física (Obesidade, Cor, Beleza, etc) e não pelo real conteúdo que deveria ser avaliado em processo seletivo.

Este “Lado negro” do R&S está mais perto do que imaginamos. Faço questão de dizer que não precisamos de 5 longos anos de psicologia para selecionar belos modelos, magros sem restrição no SPC. Faço questão inclusive de chamar a atenção destes empregadores que estamos no Brasil! Como podemos ser tão rigorosos com a beleza, educação, restrições em SPC, obesidade, raça e afins, se a população nacional é composta em sua grande maioria pelos candidatos preteridos? São estas pessoas que sustentam a minoria da pirâmide do capitalismo, são estas pessoas os clientes das grandes indústrias, e mesmo assim, quando um pobre negro ou obeso tem grande destaque comportamental (Liderança, Dinamismo, Flexibilidade, etc), ele não pode ser selecionado porque não atende padrões X de beleza ou detém um cheque devolvido no mercado da esquina, pois perdeu o seu emprego.

Conclusão

Somente quando pararmos de tratar pessoas como produtos defeituosos em recrutamento e seleção de pessoal é que chegaremos ao verdadeiro propósito deste subsistema: Selecionar as pessoas certas para o cargo certo. No dia em que uma Linda Loira de olhos verdes, esbelta, com inglês fluente, graduada na USP em administração, com o nome limpo no SPC aceitar ganhar R$500,00 para ser recepcionista será o dia em que o capitalismo venceu o mercado de mão-de-obra, selecionaremos pessoas por quanto elas ganham, provavelmente será o dia em que eu já terei deixado o barco para um campo mais digno da atuação do psicólogo. Enquanto houver empresas que acreditem no trabalho digno do psicólogo, que não dos obriguem à confeccionar laudos e pareceres em 5 minutos, empresas que nos dêem espaço para debater à respeito das práticas de RH, aqui estarei eu, ao lado dos meus colegas de RH firme e forte para dizer as coisas boas e nem tão boas de trabalhar neste subsistema.

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