Vivemos em tempos solitários e muitas vezes não conseguimos dividir nossas angústias e problemas com outra pessoa. Cada um traz consigo um mundo particular. Aquele que as redes sociais não vê. Baseado nisso, aceitei as sugestões de amigos para compartilhar experiências vividas nesses 25 anos no caminho de tantas pessoas. Espero que gostem. Espero que em algum momento possa ajudar alguém. Mergulhem.
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Empresas de sucesso, pessoas infelizes?
Autor: Clemente Nobrega
Editora: Senac Rio
Mais do que valorizar o setor de Recursos Humanos, obra procura desmistificá-lo
Por Paulo Vinicius Cerávolo, especial para o Empregos.com.br
Se você tem a impressão de que seus colegas de trabalho são escravos de terno e salto alto, o livro Empresas de sucesso, pessoas infelizes?, de Clemente Nóbrega (Editora Senac Rio), pode ser a leitura que você está precisando. Especialmente se eles forem seus subordinados.
No meio dos incontáveis títulos disponíveis no mercado sobre a valorização dos Recursos Humanos no ambiente empresarial, Nobrega oferece um olhar mais arejado sobre esse setor. Físico de formação, ele se tornou consultor de empresas e, como diz, virou quase uma “obsessão” para ele descobrir por que o sucesso corporativo e a satisfação pessoal estão divorciados em todas as empresas que conheceu.
Partindo dessa generalização, o autor propõe uma abordagem mais científica e menos “intuitiva” do problema. Ele aponta alguns erros comuns que precisam ser enfrentados e debelados: a atribuição do fracasso a fatores externos, a manutenção de gente despreparada em cargos de chefia, a falta de clareza no processo decisório, a concorrência interna, entre outros.
Nobrega elabora um item já clássico nos manuais de gestão: o choque entre os hábitos e valores dos indivíduos e as necessidades da empresa, que muitas vezes exigem flexibilidade – o famoso “engolir sapo”. Mas seu livro começa a espantar quando ele valoriza o papel do acaso no sucesso individual e corporativo. Ele chega ao ponto de afirmar que “há muita gente competente que pode ter ficado famosa por acaso, por sorte”, e completa dizendo que um bom gestor usa as ferramentas à sua disposição para administrar o aleatório, já que ele faz parte do comportamento humano – e empresas são feitas de seres humanos.
Mais adiante, ele eleva o tom da polêmica ao sustentar que o trabalho em equipe não é natural (alguém pensou em dinâmica de grupo?). Daí a necessidade de um gestor: é ele quem faz com que “estranhos” convivam e produzam juntos, sobrepondo os interesses da empresa às suas preocupações individuais. E completa: “Gestão de empresas é gestão de pessoas. E gestão de pessoas tem de ser sobre as pessoas que estão aí (na empresa)”.
No decorrer do livro, Nobrega enfatiza um fator sempre ignorado pelos gestores de visão puramente prática ou acadêmica: a natureza humana. Esta não muda, mas parece que as empresas querem crer que não é assim. Sentimentos como inveja, egoísmo, ciúme, raiva, competitividade não são esterilizados no ambiente de trabalho. Por isso mesmo é que o gestor precisa de processos, regras, enquadramento – as tais ferramentas –, todos bem definidos, antes de chegar às pessoas.
Outra mistificação que o autor desconstrói é a do grande talento. Uma empresa, diz ele, não pode depender de gênios para sobreviver, mas de gente competente bem posicionada e motivada . “O ponto de partida da gestão de pessoas – o ser humano real – não é, em média, excepcionalmente nada: nem excepcionalmente confiável, nem trabalhador, nem talentoso”. Tampouco o gestor o é, e sabe disso.
Nobrega encerra dizendo uma obviedade necessária: o sucesso profissional não garante a satisfação pessoal. Pelo contrário, pode sacrificá-la se o ambiente de trabalho for insalubre. “É infantil atribuir à empresa a responsabilidade por nossa felicidade”. Mas é possível tornar o convívio na empresa produtivo e harmônico
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